Itamar Marcondes Farah

 REFLEXÕES...

“... Este descerramento do véu de nossa angústia

provoca uma verdadeira avalanche de interrogações que certamente, em muitos momentos nos fazem vacilar : retornar ao saber estabelecido ( nada desprezível) dos mecanismos e técnicas da reabilitação ou  continuar na tentativa de abrir em cada uma delas a brecha necessária para que aquilo que se ignora, provoque a elaboração deste ato. Há algo que nos alenta para continuar : o que da criança se perde no olhar do técnico...” ( Alfredo Jerusalinsky /pág. 14)

 

No início,

quando me propus a atender os dois grupos com 15 crianças, oscilei do pânico frente a minha impotência  em atender a todas as demandas , resistentes questionamentos sobre a validade desta proposta para todas as crianças e a possibilidade de descobrir no dia a dia como seria.

 

Após quase quatro anos... Os resultados são algumas hipóteses:

 

Crianças não apresentam preconceito, mas medo e angústia frente ao desconhecido, por isso necessitam de um  trabalho de suporte para inclusão.

 

Em relação às diferenças de discurso, conforme a faixa etária das crianças, foi percebido que quanto mais velhas, estão mais impregnadas do discurso social que reforça a caridade, piedade, impossibilidade de estabelecimento de um padrão de vida que se aproxime da normalidade. As crianças de 07 anos se prendem à idéia da falta física dos membros; às de 08, ao fato da necessidade e possibilidade de cura para a convivência na sociedade, ao passo que as de 09 se colocam numa postura de ajuda e as de 10, numa reflexão mais crítica acerca das soluções para a problemática da deficiência, porém ainda sem vislumbrar perspectivas, retornando à formação ideológica da caridade e impossibilidade."  (Marques, Moreira, Maria, Passos/1995/96)