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PARA
A CRIANÇA, NÃO HÁ ERRO
Como Piaget diz que não se ensina estrutura mental (lógica, por exemplo), o mais honesto é esperar, respeitar o nível em que a criança se encontra, não esquecendo porém de desafiá-la para crescer. Em uma educação libertadora, os pontos (notas, conceitos) servem de brincadeiras estimulantes para as crianças, podem ser vistos como um jogo. As vitórias e derrotas devem ser dispersas pelos grupos. A nota individual deve ser utilizada o mínimo possível. Isso depende também como o professor vê esta questão com ele mesmo e em seu universo pessoais! O professor reflete o que pensa, o que acredita e como se sente em relação ao mundo a partir de seus valores. Todos
os trabalhos feitos pelas crianças podem servir como um instrumento a mais para
diagnosticar como elas pensam, que estrutura estão utilizando ao resolver
problemas, para que possamos organizar-lhes tarefas correspondentes ao seu
nível mental, de maneira gradualmente mais complexa, possibilitando, assim,
estimular seu desenvolvimento de uma maneira contínua.
Quando
uma criança erra uma tarefa proposta, ela denuncia, apenas, a ausência da
estrutura mental para resolvê-la (quando, evidentemente, não for um problema
de ordem afetiva). É necessário que se encare os resultados dos trabalhos
realizados pelas crianças como um índice de suas necessidades ao invés de
vê-los como uma sentença. É
interessante colocar que Jean Piaget iniciou seus estudos pesquisando as razões
que levavam as crianças a responder errado as questões dos testes de
inteligência. Como Piaget, os professores poderiam, de maneira geral, tomar os
erros como os indicadores das estruturas cognitivas das crianças e servir-lhes
para que se façam as perguntas: o que devo fazer agora? Recomeçar? Propiciar
mais experiências? etc. Colocar “certo” e “errado” em cadernos e provas , ainda mais em vermelho , rabiscando por cima da letra da criança, não modifica em nada a realidade cognitiva da criança, e decorar respostas, sabemos que é o caminho mais seguro para o esquecimento, além de ser um método agressivo, rude e que não considera os sentimentos de uma criança. Uma
exemplo: damos uma série de cartões com objetos, plantas, bichos e pessoas
desenhados. Pedimos que as crianças os separem e / ou juntem-nos, formando
conjuntos. Uma criança junta “todos os seres vivos” (pessoas, bichos e
plantas) e os “não vivos” e uma segunda criança separa-os, formando
vários agrupamentos pelo USO que se faz dos objetos (de comer, de beber, de
vestir, etc.). Ora, não poderíamos dizer que uma acertou e a outra errou.
Esses resultados nos fornecem importante dado sobre as crianças. Sabemos
que a primeira utilizou uma estrutura cognitiva PRÉ-OPERATÓRIO (coleções
figurais). Ninguém acertou, ninguém errou; o que podemos dizer é que uma usa
determinada estrutura e para a resolução de problemas e a outra usa uma outra
estrutura. Devemos
procurar, pois em cada “erro” da criança, buscar as atividades que devem
ser propostas e estimular seu desenvolvimento. |
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